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Foto do escritorConsultora da Desordem

Finanças em tempo de pandemia

Atualizado: 24 de jun. de 2022


Haverá coisa mais organizadora do que saber com que dinheiro se pode contar ao final do mês?

Saber que temos o suficiente para pagar as nossas contas dá-nos tranquilidade para planear o resto.

No meu caso em particular, o negócio corria bem, dava-me ao luxo de ter duas casas e tudo levava a crer que a constelação favorável se iria manter.

Chega a pandemia e dou comigo sem poder sustentar uma vida tão cara.

Assim que percebi que o setor do turismo seria um dos mais afetados (área principal da atividade da minha empresa), deixei a casa arrendada numa zona central de Lisboa e fui viver para a província onde tinha casa própria - foi essencial ter-me libertado de tantos encargos.

Nivelei o meu suficiente a um nível mais baixo e adaptei-me a um rendimento mais pequeno.

O que é que mudou? O meu leque de escolhas ficou mais reduzido.

Se antes o preço tinha um determinado peso na decisão, agora tem outro.

Antes, quando tinha coisas que já não usava, dava a quem tinha falta, agora vendo no Marketplace do Facebook por módicas quantias e também compro pela mesma via.

Antes, ir jantar fora era normal, agora é uma extravagância.

Antes as poupanças não faziam falta, agora sem elas não me governava.

Antes comprava o que me apetecia, agora quando compro alguma coisa para mim ou para a casa, tornou-se um gesto especial e confesso que gosto deste feeling.

Tirando isso, adoro ouvir os passarinhos a cantar na cidade porque (ainda) há muito menos aviões, o sol continua a brilhar, os meus amigos verdadeiros e família continuam a gostar de mim, voltei a dar formação, coisa que já não fazia há 10 anos e descobri que gosto mesmo de o fazer.

É certo que a pandemia fragilizou mais uns do que outros, mas também é certo que a pandemia criou oportunidades para fazermos outras coisas que também gostamos e que contribuem para o nosso bem-estar.

A capacidade de adaptação a uma nova realidade é essencial, como também é essencial dar a importância certa ao dinheiro. Uma vez garantida a nossa sobrevivência, há coisas que o dinheiro não compra, por muito que queiram os ricos.


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