Haverá coisa mais organizadora do que saber com que dinheiro se pode contar ao final do mês?
Saber que temos o suficiente para pagar as nossas contas dá-nos tranquilidade para planear o resto.
No meu caso em particular, o negócio corria bem, dava-me ao luxo de ter duas casas e tudo levava a crer que a constelação favorável se iria manter.
Chega a pandemia e dou comigo sem poder sustentar uma vida tão cara.
Assim que percebi que o setor do turismo seria um dos mais afetados (área principal da atividade da minha empresa), deixei a casa arrendada numa zona central de Lisboa e fui viver para a província onde tinha casa própria - foi essencial ter-me libertado de tantos encargos.
Nivelei o meu suficiente a um nível mais baixo e adaptei-me a um rendimento mais pequeno.
O que é que mudou? O meu leque de escolhas ficou mais reduzido.
Se antes o preço tinha um determinado peso na decisão, agora tem outro.
Antes, quando tinha coisas que já não usava, dava a quem tinha falta, agora vendo no Marketplace do Facebook por módicas quantias e também compro pela mesma via.
Antes, ir jantar fora era normal, agora é uma extravagância.
Antes as poupanças não faziam falta, agora sem elas não me governava.
Antes comprava o que me apetecia, agora quando compro alguma coisa para mim ou para a casa, tornou-se um gesto especial e confesso que gosto deste feeling.
Tirando isso, adoro ouvir os passarinhos a cantar na cidade porque (ainda) há muito menos aviões, o sol continua a brilhar, os meus amigos verdadeiros e família continuam a gostar de mim, voltei a dar formação, coisa que já não fazia há 10 anos e descobri que gosto mesmo de o fazer.
É certo que a pandemia fragilizou mais uns do que outros, mas também é certo que a pandemia criou oportunidades para fazermos outras coisas que também gostamos e que contribuem para o nosso bem-estar.
A capacidade de adaptação a uma nova realidade é essencial, como também é essencial dar a importância certa ao dinheiro. Uma vez garantida a nossa sobrevivência, há coisas que o dinheiro não compra, por muito que queiram os ricos.
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